Dados da Anfavea indicam que a produção de carros novos registrou 217,4 mil unidades no mês passado, número semelhante ao visto em fevereiro de 2019, antes da pandemia de Covid-19. Produção de veículos no Brasil sobe em fevereiro, diz Anfavea
Nacho Doce/Reuters
A produção de carros novos atingiu a marca de 217,4 mil unidades em fevereiro. O número representa o maior patamar em seis anos e marca a retomada da indústria para níveis próximos ao observado no período pré-pandemia. Em 2019, o setor havia produzido 257,9 mil veículos novos.
Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), nesta sexta-feira (14).
Em relação a fevereiro de 2024, no qual foram emplacados 189,7 veículos leves, o crescimento foi de 14,6%. Já ao considerar os números dos dois primeiros meses deste ano, que teve 392,9 mil unidades produzidas, a alta foi de 14,8%, na mesma base de comparação. Nesse último caso, esse é o melhor desempenho para o período desde 2021.
“O mercado continua em crescimento. Em fevereiro, a média diária [de emplacamentos] subiu 19% em relação a janeiro, e as vendas diretas cresceram 329%”, diz Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Além disso, o número de automóveis vendidos avançou 9% no primeiro bimestre deste ano em relação aos dois primeiros meses de 2024. O resultado, segundo a associação, reflete o crescimento nas exportações de veículos (entenda mais abaixo).
No mercado doméstico, por outro lado, Leite afirma que 70% dos veículos são financiados, enquanto 30% são comprados à vista. Com isso, o executivo indica que o avanço da taxa básica de juros (Selic) visto nos últimos meses também preocupa o mercado.
Isso porque a Selic chegou a 13,25% ao ano, o que tende a elevar o custo de aquisição de veículo, o que pode prejudicar o bom desempenho da indústria nos próximos meses.
Exportações
Segundo a Anfavea, o aumento de carros exportados tem ajudado a indústria. Só para a Argentina, por exemplo, o volume de exportações subiu 172% no primeiro bimestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024.
No total geral, foram 76,7 mil unidades foram exportadas no período, 55% a mais que nos primeiros dois meses de 2024. Desse montante, 62% dos veículos foram para a Argentina.
Confira o crescimento das principais exportações de veículos brasileiros para países vizinhos, considerando o período de janeiro e fevereiro de 2025 comparado ao do ano anterior:
Argentina: 172%;
Colômbia: 52%;
Uruguai: 17%;
Chile: 12%.
Apesar do bom desempenho das exportações no período, no entanto, o relatório da Anfavea indica que o Brasil vem perdendo espaço para a China na América Latina.
Em 2013, por exemplo, a participação de carros produzidos na China representavam apenas 4,6% das exportações, enquanto o Brasil era responsável por 22,5% dos carros exportados para os países da região.
Já no ano passado, a China ultrapassou o Brasil, conquistando 27,9% de participação de mercado na América Latina, enquanto o país diminuiu sua participação e encerrou 2024 com apenas 13,9%. Veja a evolução da participação de mercado na América Latina dos dois países nos últimos anos:
2013: Brasil – 22,5% | China – 4,6%;
2022: Brasil – 19,4% | China – 21,2%;
2024: Brasil – 13,9% | China – 27,9%.
Segundo o presidente da Anfavea, as novas tecnologias vindas da China contribuíram para esse movimento, resultando em uma menor participação das exportações brasileiras para os países vizinhos e para um maior destaque do gigante asiático.
“O que aconteceu neste momento de transição, enquanto ainda não produzimos carros de marcas chinesas por aqui, foi um prejuízo para as nossas exportações. Quando a tecnologia brasileira começar a se materializar, através do investimento já anunciado de R$ 180 bilhões para o segmento, aí nos tornaremos mais competitivos”, explica Leite.
O executivo afirma, ainda, que a competitividade não se estabelece apenas com indústrias genuinamente chinesas, mas de marcas locais que produzem no país asiático e que trazem seus produtos para o Brasil e para a América Latina.
“Esse é o nosso maior desafio como associação de fabricantes locais. Temos que trabalhar para harmonização regulatória com esses países. O que é mais preocupante é quando a montadora que tem fábrica no Brasil começa a importar da China. Significa dizer que o Brasil está perdendo competitividade”, afirma.
Carros e comerciais leves
O segmento de comerciais leves, que engloba veículos como Fiat Strada, Ford Ranger e Mercedes-Benz Sprinter, alcançou o total de 54.086 unidades produzidas no acumulado do ano.
Ao somar carros e comerciais leves, o total produzido pelas fabricantes brasileiras chega ao montante de 259.954 nos primeiro bimestre de 2025. Este número é 10.818 maior que o do mesmo período do ano passado, o que representa um aumento de 4,3% na fabricação destes automóveis.
“Neste momento, o custo de financiamento está batendo recorde histórico. O que nós vivemos hoje é o período de taxa de juros e custo de financiamento para a pessoa física na história do setor automotivo”, alertou Leite.
Importações
De tudo que vendemos no mercado brasileiro, 21,1% é de veículos importados. Deste total, 10,8% é de veículos produzidos dentro do Mercado Comum do Sul, enquanto 10,3% são de fora do Mercosul. De acordo com o presidente da Anfavea, a tendência é que o número de importados de fora da área do Mercosul aumente nos próximos anos, pois há forte tendência de alta.
“Dentro desse volume de emplacamentos, há de se destacar em forma de alerta a elevação contínua da participação de importados, que neste ano está acima de 21%. Desde 2012 não havia uma presença tão grande de modelos estrangeiros nas vendas, e boa parte dessa elevação se deve a veículos de fora do Mercosul, em especial os eletrificados chineses”, afirmou o Presidente Márcio de Lima Leite, reiterando a necessidade da aplicação imediata do Imposto de Importação de 35% para todos, independentemente de origem ou motorização.
Veja quais são os países que mais enviam carros para o Brasil:
Argentina: 47%;
China: 28%;
México: 7%;
Alemanha: 5%;
Uruguai: 4%;
Tailândia: 2%.
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