O prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, foi detido nesta quarta-feira (19) pela polícia turca como parte de uma investigação judicial por suposta corrupção e colaboração com grupos terroristas, em referência aos guerrilheiros curdos. A ação ocorre poucos dias antes das primárias do Partido Republicano do Povo (CHP, na sigla em turco), nas quais Imamoglu era o principal candidato para disputar as eleições presidenciais de 2028.
Desde as primeiras horas do dia, um forte contingente policial cercou a residência do prefeito e realizou sua prisão, além de deter diversos assessores e funcionários municipais do CHP. Segundo a agência estatal Anadolu, o Ministério Público da Turquia emitiu mandados de prisão para Imamoglu e outras 100 pessoas.
O próprio prefeito relatou o episódio em sua conta na rede social X (antigo Twitter):
“Centenas de policiais chegaram à minha porta. Invadiram minha casa e derrubaram minha porta”, escreveu.
Em outro comunicado, Imamoglu classificou a prisão como um “ato de tirania” e afirmou que não se deixará intimidar. Ele acusou o governo de Recep Tayyip Erdogan de tentar “usurpar a vontade do povo”.
Fontes próximas ao prefeito informaram à agência France-Presse que ele foi levado para uma delegacia de polícia em Istambul.
Em comunicado, o Ministério Público de Istambul informou que Imamoglu é suspeito de liderar “uma organização criminosa com fins lucrativos” e que a investigação também envolve suposto apoio ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado grupo terrorista pelo governo turco.
Para evitar protestos, as autoridades locais fecharam várias ruas de Istambul e proibiram manifestações na cidade pelos próximos quatro dias.
A prisão de Imamoglu ocorre em um momento de crescente tensão política na Turquia. Eleito pela primeira vez em 2019, o prefeito de Istambul foi responsável por encerrar 25 anos de domínio islamista na maior cidade do país. Sua recente reeleição em março de 2024 consolidou sua força como o principal rival de Erdogan para as eleições presidenciais de 2028.
Além da prisão, Imamoglu enfrentou outro revés político na terça-feira (18), quando a Universidade de Istambul anulou seu diploma universitário, alegando suposta falsificação de documentos oficiais. A decisão pode inviabilizar sua candidatura à presidência, já que a Constituição turca exige diploma de ensino superior para disputar o cargo.
O presidente do CHP, Ozgur Ozel, classificou a prisão como “uma tentativa de golpe” contra Imamoglu, que poderia se tornar o próximo presidente da Turquia.
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