No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 0,11%, cotada a R$ 5,8012. Já o principal índice da bolsa de valores avançou 1,43%, aos 125.637 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar opera em baixa nesta sexta-feira (14), com investidores repercutindo novos dados econômicos no Brasil e nos Estados Unidos, encerrando uma semana de agenda de indicadores cheia.
O último pregão da semana também começa mais tranquilo, com um leve alívio na pressão global que tomou conta dos mercados globais nos últimos dias por conta do “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, e os temores de uma guerra comercial que possa prejudicar o crescimento da maior economia do mundo.
No Brasil, o comércio varejista teve um recuo de 0,1% em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que avalia o resultado como uma estabilidade do setor.
Lá fora, a expectativa é pela divulgação do índice de confiança do consumidor pela Universidade de Michigan nos EUA durante a tarde. Esse é um dos mais tradicionais indicadores da confiança dos americanos.
Já o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, opera em alta.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 11h27, o dólar caía 1,17%, cotado a R$ 5,7331. Veja mais cotações.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,11%, cotada a R$ 5,8012.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,19% na semana;
queda de 1,94% no mês;
perdas de 6,12% no ano.
a
Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,56%, aos 127.592 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 1,43%, aos 125.637 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 0,48% na semana;
avanço de 2,31% no mês; e
ganho de 4,45% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O leve recuo de 0,1% no comércio varejista brasileiro em janeiro veio em linha com as projeções de mercado e representa a continuidade de uma desaceleração iniciada em novembro, após o setor registrar recorde em outubro.
No entanto, em relação a janeiro de 2024, o varejo acumula uma alta de 3,1%, na vigésima taxa positiva consecutiva. Em 12 meses, acumula alta de 4,7%.
Nos EUA, o destaque do dia fica com os novos índices de confiança do consumidor, que revelam qual a percepção das pessoas sobre os rumos da economia no país. A expectativa do mercado é de uma redução na confiança.
Nos últimos dias, os EUA também divulgaram dados de inflação, que podem contribuir para a tomada de decisão do Federal Reserve (fed, o banco central americano) em suas próximas reuniões sobre a condução dos juros no país.
A inflação ao produtor ficou estável em fevereiro, depois de uma alta de 0,6% em janeiro. Também ficou abaixo das projeções, que previam alta de 0,3%. Na taxa anual, o índice subiu 3,2%, abaixo dos 3,7% do mês anterior.
Já o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu menos do que o esperado em fevereiro, com avanço de 0,2% no mês.
O resultado representa uma desaceleração em comparação a janeiro (0,5%), mas, segundo especialistas, a preocupação é que a melhora do indicador seja temporária, em meio ao cenário de tarifas agressivas sobre as importações por parte de Trump, que devem acelerar os custos da maioria dos produtos nos próximos meses.
A inflação ao produtor é considerada um “passo anterior” da inflação ao consumidor, porque o encarecimento da produção pode ser repassado aos consumidores finais. Assim, uma desaceleração da inflação ao produtor pode gerar o mesmo efeito sobre a inflação ao consumidor.
Uma inflação menor é vista com bons olhos porque pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a voltar a cortar suas taxas de juros nos próximos meses, evitando uma possível recessão econômica.
Tarifas de Trump continuam no radar
A semana foi marcada por uma cautela que tomou conta dos mercados nos últimos dias com as ameaças tarifárias de Trump. Nesta sexta, porém, sem novos desdobramentos relevantes do tema, o tom do pregão é de um leve alívio nas negociações.
Mesmo assim, o mercado também segue repercutindo os últimos desdobramentos da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que podem impactar o país, com um aumento da inflação e redução do consumo, e o mundo todo, já que os norte-americanos são importantes parceiros comerciais de diversos países.
Na manhã desta quinta, Trump disse que, caso a União Europeia não retire a taxa de 50% sobre o whisky que é importado dos EUA, o país vai impor tarifas de 200% sobre todos os vinhos e champanhes da região.
“A União Europeia, uma das autoridades tributárias e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo, que foi formada com o único propósito de tirar vantagem dos Estados Unidos, acaba de aplicar uma tarifa desagradável de 50% sobre o uísque. Se essa tarifa não for removida imediatamente, os EUA em breve aplicarão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos saindo da França e de outros países representados pela UE. Isso será ótimo para os negócios de vinho e champanhe nos EUA”, escreveu Trump na plataforma Truth Social.
Na quarta-feira (12) começaram a valer as novas tarifas de 25% dos EUA sobre aço e alumínio importado de todos os parceiros comerciais do país, trazendo uma série de retaliações e reações ao redor do mundo.
O Canadá, por exemplo, que é o maior fornecedor de aço para os EUA anunciou US$ 20,6 bilhões em tarifas retaliatórias aos EUA a partir de quinta-feira (13), enquanto diversos países da Europa criticaram a medida.
No Brasil, que também está no topo do ranking de exportador de aço e alumínio para os norte-americanos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está estudando medidas para proteger o setor siderúrgico brasileiro diante do aumento das tarifas norte-americanas.
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O secretário do comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse nesta quarta-feira (12) que nada impedirá as tarifas de 25% sobre aço e alumínio até que a produção doméstica seja fortalecida, destacando que Trump ainda deve acrescentar o cobre às suas proteções comerciais.
As novas tarifas reforçam o cenário de incerteza global e os temores de que os EUA e o mundo possam ver um novo aumento de preços e uma desaceleração da economia.
Em entrevista à Fox News no último domingo (9), por exemplo, Trump não descartou uma recessão e um aumento de preços no “período transitório” (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.
“A incerteza e a volatilidade continuam neste mercado”, disse Mona Mahajan, chefe de estratégia de investimentos da Edward Jones, à Reuters. “O crescimento econômico começou a desacelerar antes mesmo da incerteza tarifária nos EUA. Isso não é incomum no primeiro trimestre do ano, mas o que é incomum é aumentar a incerteza em torno da política.”
No começo da tarde de quarta, Trump também voltou a falar sobre o assunto, reforçando algumas de suas ameaças tarifárias e criticando o posicionamento de alguns países.
O presidente afirmou que “com certeza haverá tarifas sobre os carros” e que vai impor as tarifas recíprocas, inclusive respondendo às retaliações dos países que já foram taxados. Sobre a possibilidade de ter flexibilidade na tarifação para determinados setores ou países, Trump disse que “haverá muito pouca flexibilidade”.
Segundo Trump, as medidas farão com que os EUA sejam “financeiramente mais fortes do que nunca”.
“Acredito que os mercados vão disparar quando eles verem o que está acontecendo. Muitas grandes empresas me ligam todos os dias, falei com o Business Roundtable ontem. Tivemos uma grande conversa, foi muito boa, e há muito otimismo sobre o nosso país, em termos de regulações e impostos que estão sendo cortados”, disse o presidente.
*Com informações da agência de notícias Reuters