Na última sexta-feira, a moeda norte-americana recuou 1%, cotada a R$ 5,7433. Já o principal índice da bolsa de valores avançou 2,64%, aos 128.957 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar opera em baixa nesta segunda-feira (17), iniciando uma semana que é marcada pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC). O mercado espera que a instituição continue elevando a Selic, taxa básica de juros, hoje em 13,25% ao ano, que pode atingir o maior patamar desde o governo Dilma.
A decisão do Copom será anunciada na quarta-feira (19), mesmo dia do anúncio sobre os juros nos Estados Unidos. Lá fora, a expectativa é que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mantenha seus juros inalterados entre 4,25% e 4,50% ao ano.
O patamar dos juros tanto aqui quanto nos EUA são observados com atenção porque impactam diretamente a economia e o comportamento do mercado financeiro. Juros altos por um período longo podem ajudar a reduzir a inflação, mas costumam causar uma desaceleração na atividade econômica.
Além da expectativa pelas decisões de política monetária, o mercado brasileiro também repercute a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou uma expansão de 0,9% em janeiro, o melhor resultado desde junho de 2024.
Por fim, no cenário externo o mercado segue repercutindo o “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, e analisa o “plano de ação especial” anunciado pela China para estimular o consumo interno, com medidas que incluem o aumento da renda das famílias e a criação de um subsídio para cuidados infantis.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 09h30, o dólar caía 0,51%, cotado a R$ 5,7138. Veja mais cotações.
Na última sexta-feira, a moeda americana teve baixa de 1%, cotada a R$ 5,7433.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,81% na semana;
recuo de 2,92% no mês; e
perda de 7,06% no ano.
a
Ibovespa
O Ibovespa começa a operar às 10h.
Na sexta, o índice teve alta de 2,64%, aos 128.957 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 3,14% na semana;
avanço de 5,01% no mês; e
ganho de 7,21% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
A semana começa com os investidores se preparando para as decisões de juros no Brasil e nos EUA.
Por aqui, onde a taxa Selic está em 13,25% ao ano, a expectativa é que o Copom continue seu ciclo de alta nos juros, tendo em vista que a inflação do país segue acelerada. Em fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,31%, conforme divulgou o IBGE na última semana.
Segundo o último Boletim Focus – relatório do BC que reúne as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país – divulgado nesta segunda, o IPCA deve encerrar 2025 com uma alta anual de 5,66%.
O número representa uma desaceleração das projeções dos analistas, que na edição anterior do relatório previam uma inflação de 5,68%. Mesmo assim, as projeções apontam que a inflação deve encerrar o ano muito acima do teto da meta do BC. A meta é de 3% para a inflação anual e será considerada cumprida se o IPCA acumulado ficar entre 1,5% e 4,5%.
Neste cenário, a expectativa do mercado é de uma alta de um ponto percentual para a taxa Selic nesta reunião, levando-a ao patamar de 14,25% ao ano – o maior desde o governo Dilma, em 2015.
Juros maiores tornam a tomada de crédito mais cara e, por isso, tendem a reduzir o consumo da população, o que pode tirar a pressão sobre a inflação. No entanto, o efeito de uma decisão do Copom demora alguns meses até ser sentido na economia real.
O mercado ainda espera uma alta para o PIB brasileiro em 2025, apesar de menor que o que foi observado em 2024. Segundo as estimativas do Focus, a economia brasileira deve crescer 1,99% neste ano – uma projeção levemente menor que os 2,01% da semana anterior.
Apesar da expectativa de desaceleração, o IBC-Br de janeiro mostrou uma alta maior que o esperado pelo mercado. A prévia do PIB do BC subiu 0,9% no mês, contra projeções de uma alta de 0,2%. Essa foi a maior alta desde junho do ano passado, quando houve um aumento de 1,1%.
Na comparação com janeiro do ano passado, o indicador alcançou aumento de 3,6%, segundo o BC. Já em doze meses até janeiro de 2025, o crescimento foi de 3,8%.
Já nos EUA, a expectativa é que o Fed mantenha seus juros inalterados entre 4,25% e 4,50% ao ano. O país também vive um período de inflação acima da meta (em torno de 3% ao ano, enquanto a meta é de 2%), com uma estabilização dos índices de preços no patamar mais elevado.
Além disso, a política tarifária de Donald Trump, que vem impondo uma série de tarifas de importações sobre diversos produtos que chegam aos EUA, pode gerar uma maior pressão sobre os preços – já que taxas maiores encarecem o custo dos produtos, o que pode ser repassado ao consumidor.
Por isso, o mercado acredita que o Fed deve manter a cautela com seus juros, para evitar uma inflação fora do controle no país.
Em contrapartida, produtos mais caros podem levar a uma redução no consumo dos americanos, provocando uma desaceleração ou até uma recessão da atividade econômica da maior economia do mundo.
Também no cenário externo, o mercado reage positivamente ao novo plano de estímulos anunciado pela China neste domingo (16).
O plano propõe aumentar a renda tanto em áreas urbanas quanto rurais, incluindo reformas habitacionais para melhorar a condição financeira dos agricultores. Além disso, prevê medidas para estabilizar o mercado de ações, embora detalhes sobre sua implementação ainda não tenham sido divulgados.
No setor social, o documento estabelece um sistema de subsídios para cuidados infantis, incentiva o emprego flexível e amplia serviços como clínicas pediátricas noturnas em hospitais gerais. Também inclui o incentivo a serviços de cuidados infantis comunitários e administrados por empregadores.
Outra frente do plano foca nos direitos trabalhistas, prevendo a ampliação das férias anuais remuneradas e a criação de feriados curtos. Também está prevista a elevação dos subsídios financeiros das pensões básicas para residentes urbanos e rurais. Por fim, o documento sugere a expansão do turismo, permitindo que mais cidadãos estrangeiros visitem a China sem a necessidade de visto.