A moeda americana recuou 0,99%, cotada a R$ 5,6863. Já o principal índice da bolsa fechou em alta de 1,46%, aos 130.834 pontos. Notas de real e dólar
Amanda Perobelli/ Reuters
O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (17), a R$ 5,68. Foi o menor patamar da moeda americana desde novembro, quando fechou em R$ 5,6752.
O dia também foi positivo para o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores, que fechou em alta de 1,46%, aos 130.834 pontos. A bolsa chegou ao maior patamar desde outubro, quando atingiu os 131.212 pontos.
O mercado aguarda com otimismo as decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos na próxima quarta-feira, enquanto seguem atentos aos desdobramentos do “tarifaço” do presidente americano, Donald Trump.
No Brasil, investidores esperam que o Banco Central (BC) anuncie mais uma alta de 1 ponto percentual da taxa básica de juros, que hoje está em 13,25% ao ano. Assim, a taxa Selic deve atingir o maior patamar desde o governo Dilma Rousseff.
Também nesta “Superquarta”, dia em que as decisões de juros do Brasil e dos EUA coincidem, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve manter suas taxas de juros entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Os dados são monitorados de perto porque juros altos por um período longo podem ajudar a reduzir a inflação, mas costumam causar uma desaceleração na atividade econômica.
Por fim, o “tarifaço” do presidente dos EUA, Donald Trump, continua a ser analisado, pois o potencial inflacionário e a perspectiva de uma guerra comercial entre grandes economias preocupam o mercado.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
O dólar fechou em queda de 0,99%, cotado a R$ 5,6863, no menor patamar desde 7 de novembro, quando marcou R$ 5,6752. Na mínima do dia, chegou a R$ 5,6658. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,99% na semana;
recuo de 3,89% no mês; e
perda de 7,98% no ano.
Na sexta-feira, a moeda americana teve baixa de 1%, cotada a R$ 5,7433.
a
Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta de 1,46%, aos 130.834 pontos, no maior patamar desde outubro do ano passado (131.212 pontos).
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 1,46% na semana;
avanço de 6,54% no mês; e
ganho de 8,77% no ano.
Na sexta-feira, o índice teve alta de 2,64%, aos 128.957 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
Os mercados começaram a semana aguardando decisões de juros no Brasil e nos EUA. No Brasil, onde a taxa Selic está em 13,25% ao ano, espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) continue aumentando os juros devido à inflação elevada.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE na última semana, mostrou uma alta de 1,31% em fevereiro, e indicou que os preços devem continuar subindo.
Dados do último Boletim Focus — relatório do BC que reúne as projeções de economistas do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos do país — divulgado nesta segunda, por exemplo, indicam que o mercado espera um IPCA acumulado de 5,66% em 2025.
O boletim Focus desta segunda-feira — relatório do Banco Central que reúne projeções de instituições financeiras — aponta que o mercado espera um IPCA acumulado de 5,66% em 2025. Embora seja uma leve desaceleração em relação à projeção anterior de 5,68%, ainda está bem acima da meta do Banco Central, que é de 3% ao ano (e margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%).
Assim, o mercado espera que a taxa Selic suba 1 ponto percentual, chegando a 14,25% ao ano, o maior nível desde o governo Dilma, em 2015. Juros mais altos tornam o crédito mais caro, reduzindo o consumo e ajudando a controlar a inflação. Mas esse efeito demora alguns meses para ser sentido na economia.
Investidores também estão atentos à divulgação do IBC-Br, considerado uma prévia do PIB brasileiro. O indicador mostrou uma expansão de 0,9% em janeiro, o melhor resultado desde junho de 2024 e acima da expectativa do mercado, que era de 0,2%.
Em comparação com janeiro do ano passado, o crescimento foi de 3,6%, e nos 12 meses até janeiro de 2025, o crescimento foi de 3,8%.
Cenário externo
No exterior, as atenções estão voltadas para o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que deve anunciar sua decisão de juros nesta semana. A expectativa é que as taxas permaneçam entre 4,25% e 4,50% ao ano.
Os EUA enfrentam uma inflação acima da meta de 2%, com índices de preços estabilizados em torno de 3% ao ano.
Além disso, há preocupações de que a política tarifária de Donald Trump, que impôs uma série de taxas de importação sobre produtos que chegam aos EUA, possa aumentar a pressão sobre os preços, já que taxas mais altas encarecem os produtos, impactando o consumidor.
Por isso, o mercado acredita que o Fed deve manter cautela com seus juros para evitar uma inflação descontrolada. Produtos mais caros podem reduzir o consumo dos norte-americanos, levando a uma desaceleração ou até uma recessão na maior economia do mundo.
Na China, o governo lançou um “plano de ação especial” para estimular o consumo interno, com medidas como aumento da renda das famílias e criação de subsídios para cuidados infantis. Investidores reagiram positivamente ao novo plano de estímulos anunciado no último domingo (16).
O plano propõe aumentar a renda em áreas urbanas e rurais, incluindo reformas habitacionais para melhorar a condição financeira dos agricultores, e medidas para estabilizar o mercado de ações. Os detalhes sobre a implementação ainda não foram divulgados.
No setor social, o documento estabelece subsídios para cuidados infantis, incentiva o emprego flexível e amplia serviços como clínicas pediátricas noturnas em hospitais gerais. Também inclui incentivos a serviços de cuidados infantis comunitários e administrados por empregadores.
Outra parte do plano foca nos direitos trabalhistas, prevendo a ampliação das férias anuais remuneradas e a criação de feriados curtos. Também está prevista a elevação dos subsídios financeiros das pensões básicas para residentes urbanos e rurais. Por fim, o documento sugere a expansão do turismo, permitindo que mais estrangeiros visitem a China sem necessidade de visto.
*Com informações da agência de notícias Reuters