Moeda norte-americana recuou 0,11%, cotada a R$ 5,8012. Já o principal índice da bolsa de valores opera em alta na última hora do pregão. Notas de dólar.
Luisa Gonzalez/ Reuters
O dólar fechou em leve queda nesta quinta-feira (13), cotado a R$ 5,80. Ao longo da sessão, investidores avaliaram novos dados econômicos do Brasil e dos Estados Unidos e seguiram repercutindo a guerra tarifária promovida pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
Por aqui, destaque para os dados do setor de serviços. O volume de serviços prestados no país teve um recuo de 0,2% em janeiro, mantendo uma tendência de desaceleração depois de atingir um recorde histórico em outubro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nos EUA, o foco fica os números mais recentes de inflação ao produtor, que ficou estável em fevereiro, e de pedidos por seguro-desemprego, que ficaram em 220 mil na semana passada. Ambos os resultados vieram abaixo das expectativas.
Além disso, a política tarifária de Trump, segue pesando sobre os mercados.
Um dia após o início da cobrança das tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio que chegam ao país, Trump voltou a ameaçar com mais taxas a União Europeia. Desta vez, o alvo do presidente são os vinhos e champanhes importados da região.
O “tarifaço” de Trump assusta investidores no mundo inteiro, por conta das perspectivas de que as taxas possam encarecer os produtos nos EUA e pressionar ainda mais a inflação no país, além de ameaçar o crescimento da atividade econômica e elevar as chances de uma guerra comercial global.
Essas incertezas afastam os investidores dos ativos de risco, como bolsas de valores e moedas de países emergentes.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
O dólar recuou 0,11%, cotado a R$ 5,8012. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,19% na semana;
queda de 1,94% no mês;
perdas de 6,12% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 0,07%, cotada a R$ 5,8077.
a
Ibovespa
Por volta das 17h, o Ibovespa subia 1,48%, aos 125.695 pontos.
Na véspera, o índice teve alta de 0,29%, aos 123.864 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
recuo de 0,94% na semana;
alta de 0,87% no mês; e
ganho de 2,98% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O mercado interno avaliou os últimos dados do setor de serviços, que recuou 0,2% em janeiro. Mesmo com a queda, o setor acumula alta de 2,9% no acumulado em 12 meses.
“Após alcançar o ápice de sua série histórica em outubro de 2024, o setor de serviços apresentou duas taxas negativas e uma estabilidade nos últimos três meses. Nesse período, acumulou perda de 1,1%, que pode ser explicada pela alta margem de comparação”, analisa o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Nos EUA, a inflação ao produtor ficou estável em fevereiro, depois de uma alta de 0,6% em janeiro. Também ficou abaixo das projeções, que previam alta de 0,3%. Na taxa anual, o índice subiu 3,2%, abaixo dos 3,7% do mês anterior.
Esse resultado vem um dia depois da divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que aumentou menos do que o esperado em fevereiro, com avanço de 0,2% no mês.
O resultado representa uma desaceleração em comparação a janeiro (0,5%), mas, segundo especialistas, a preocupação é que a melhora do indicador seja temporária, em meio ao cenário de tarifas agressivas sobre as importações por parte de Trump, que devem acelerar os custos da maioria dos produtos nos próximos meses.
A inflação ao produtor é considerada um “passo anterior” da inflação ao consumidor, porque o encarecimento da produção pode ser repassado aos consumidores finais. Assim, uma desaceleração da inflação ao produtor pode gerar o mesmo efeito sobre a inflação ao consumidor.
Uma inflação menor é vista com bons olhos porque pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a voltar a cortar suas taxas de juros nos próximos meses, evitando uma possível recessão econômica.
Tarifas de Trump continuam no radar
O mercado também segue repercutindo os últimos desdobramentos da política tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, que podem impactar o país, com um aumento da inflação e redução do consumo, e o mundo todo, já que os norte-americanos são importantes parceiros comerciais de diversos países.
Na manhã desta quinta, Trump disse que, caso a União Europeia não retire a taxa de 50% sobre o whisky que é importado dos EUA, o país vai impor tarifas de 200% sobre todos os vinhos e champanhes da região.
“A União Europeia, uma das autoridades tributárias e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo, que foi formada com o único propósito de tirar vantagem dos Estados Unidos, acaba de aplicar uma tarifa desagradável de 50% sobre o uísque. Se essa tarifa não for removida imediatamente, os EUA em breve aplicarão uma tarifa de 200% sobre todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos saindo da França e de outros países representados pela UE. Isso será ótimo para os negócios de vinho e champanhe nos EUA”, escreveu Trump na plataforma Truth Social.
Na quarta-feira (12) começaram a valer as novas tarifas de 25% dos EUA sobre aço e alumínio importado de todos os parceiros comerciais do país, trazendo uma série de retaliações e reações ao redor do mundo.
O Canadá, por exemplo, que é o maior fornecedor de aço para os EUA anunciou US$ 20,6 bilhões em tarifas retaliatórias aos EUA a partir de quinta-feira (13), enquanto diversos países da Europa criticaram a medida.
No Brasil, que também está no topo do ranking de exportador de aço e alumínio para os norte-americanos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está estudando medidas para proteger o setor siderúrgico brasileiro diante do aumento das tarifas norte-americanas.
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O secretário do comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse nesta quarta-feira (12) que nada impedirá as tarifas de 25% sobre aço e alumínio até que a produção doméstica seja fortalecida, destacando que Trump ainda deve acrescentar o cobre às suas proteções comerciais.
As novas tarifas reforçam o cenário de incerteza global e os temores de que os EUA e o mundo possam ver um novo aumento de preços e uma desaceleração da economia.
Em entrevista à Fox News no último domingo (9), por exemplo, Trump não descartou uma recessão e um aumento de preços no “período transitório” (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.
“A incerteza e a volatilidade continuam neste mercado”, disse Mona Mahajan, chefe de estratégia de investimentos da Edward Jones, à Reuters. “O crescimento econômico começou a desacelerar antes mesmo da incerteza tarifária nos EUA. Isso não é incomum no primeiro trimestre do ano, mas o que é incomum é aumentar a incerteza em torno da política.”
No começo da tarde desta quarta, Trump também voltou a falar sobre o assunto, reforçando algumas de suas ameaças tarifárias e criticando o posicionamento de alguns países.
O presidente afirmou que “com certeza haverá tarifas sobre os carros” e que vai impor as tarifas recíprocas, inclusive respondendo às retaliações dos países que já foram taxados. Sobre a possibilidade de ter flexibilidade na tarifação para determinados setores ou países, Trump disse que “haverá muito pouca flexibilidade”.
Segundo Trump, as medidas farão com que os EUA sejam “financeiramente mais fortes do que nunca”.
“Acredito que os mercados vão disparar quando eles verem o que está acontecendo. Muitas grandes empresas me ligam todos os dias, falei com o Business Roundtable ontem. Tivemos uma grande conversa, foi muito boa, e há muito otimismo sobre o nosso país, em termos de regulações e impostos que estão sendo cortados”, disse o presidente.
*Com informações da agência de notícias Reuters